Quase...
Quase foi o menor-maior auê que um ser humano pode sentir ao deixar a solidão dirigir seu corpo em dias de crise.Foi quando o marido morreu sem avisar. A filha foi morar em outro Estado. Quase ter pensado em dar cabo da própria vida. Foi se debruçar na sozinhez, quando l00 horas tinha a noite, assim como a cidade que nunca dormia. Grudar os olhos no teto, sombras pendendo das paredes, assombrando, fazendo madrugadas serem eternas, foi companhia. Assim como ver no espelho a realidade de si mesma: Vivências, soluços. Solidão que é medo. Gemer baixinho o grito preso na garganta foi tristeza. Um querer aliviar a dor no peito e ela só doía. Mais e mais e não passava. Antes, se agigantava, ficava enorme. Até começar a roer devargarzinho. Sem dó, sem piedade. Torturando, sorridente, mansamente... Arregalar o olhos foi uma reação. O primeiro passo para dar um basta no sofrer. Uma morte, um abandono não podiam ser maiores que o amor que devotava a si mesma. Atitude, ousadia, foi se vestir de coragem e ir pra rua. Chorando e gritando: "Estou só. Alguém aí tem pra me dar uma palavra de carinho? Um abraço amigo? Quiçá!" O silêncio das respostas sufocando seu coração foi ausência se aproximando em passos pesados. Lagrima seca a descer pelo pescoço, o acreditar. - Não estava na terra do nunca. - fazia parte da vida estar só no meio de multidões e de ruídos. Mas quase foi feliz com o seu ato intempestivo. Mesmo se taxasse de "louca, sua louca", foi divertido dar o primeiro sorriso desde que se lembrava. Amanhã, véspera de fim de semana, seu tormento tomaria proporções maiores. Drama? Não, drama deixava pros teatros. Seu peito só guardava carências. Nem vento, nem sol, nem poema. Só o abafar do soluço regado a solidão. Talvez chorasse, depois, quase, dormisse finalmente. Encho of Silence - Sergei Grischuk
https://www.youtube.com/watch?v=4Dzj9ilpJwU (*) Imagem: Pinterest Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 31/07/2020
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