Um Fado!..
Não foi fácil ser dona de enganos Sonhos que não se podia ter Toda vez que coração se deixava apossar ... Quase sempre se via amordaçado, ele. Tão mais verdadeiro era que, uns emaranhados de fios o alinhavassem... Se nalguns, alfinetes cavalgando pelo dorso da existência, teimassem em bordá-lo com um cadinho de sangue noutros, poesias e reversos do imaginário, qual criaturas famintas, pedaços lhe arrancariam... Salpicado de brilhantes, finalmente, do belo do belo se bordaria... Um fado! Livre, enfim, que viesse a rota da desesperança Se de mansinho, se aconchegar, quisesse antes, dez mil vezes, havia de alinhavar retalhos friccionados de esperança Como se o verde o abraçasse. Tentador! E o verão eterno não decairia Nem a morte havia de se vangloriar de ter arrancado o mais belo de todos os retalhos: o do Amor! (*)Imagem: Google Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 20/12/2019
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