Incumbido de uma importante missão, Charlie aproveita a viagem para explorar a beleza da criação. Voa por entre pedaços de céu, baila entre lagrimas de ouro nascidas do casamento do sol com a chuva, admira o rosto da lua.
Horas de voo depois, dá um rasante até a terra para refazer-se. Pousa num jardim de acácias, respira aromas e cores, bebe a agua pura do riacho. Ao crepúsculo, decide partir. Precisa entregar a mensagem com urgência. Cruza desertos incandescentes. Mares que vão do azul prússia ao verde esmeralda, extasiado com tamanha beleza. De repente, o céu se cobre de cinza. Já não há mais beleza nem consolação alguma. Até o ah, como é belo, não mudaria um milímetro da face cruel da guerra. Charlie vira-se. O arsenal bélico é um contraste gritante com a sua simplicidade, um pombo correio levando uma mensagem, sabe-se Deus lá pra quê. Por todo lado só consegue ver a barbárie, a bestialidade dos homens. Os homens e suas guerras em nome de ideologias, raça, dominação ou bandeira, capazes de levar o ser humano ao abismo do sofrimento, violência e morte. Charlie está apavorado, mas força-se a continuar seu desolado voo até seu destino. Lá, deixa cair a mensagem e parte, louco para sair da nevoa sangrenta, do cheiro da morte. De volta ao imenso telão azul a solidão de Charlie é absoluta. Ele se questiona: “Que liberdade é essa, senão uma simples mascara da tácita aceitação do inumano”? Pelo azul do claro dia encontra alguns pombos que se juntam a ele. Depois, um bando de andorinhas, cisnes, pelicanos ... Agora são milhares. Charlie conta-lhes sua tristeza diante dos horrores da guerra. Então... sem artifícios insubstanciais e infrutíferos decidem espalhar o amor e a paz até cobrir todos os cantos do mundo. Nisso, veem a força e o encanto do amor e da paz brilhar na Terra. “A vida pede passagem", diz Charlie, sorrindo. "Ah, como é belo”! Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 28/02/2013
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