“Até que a morte nos separe” pode se tornar um perigoso voto.
Lara era uma garota atraente, vibrante de pura alegria. Tinha o brilho das pessoas jovens e sonhava com o amor até conhecer Luiz Carlos. Depois de um ano de namoro se casaram. Ela era feliz e quando nasceu sua primeira filha foi como viver um sonho. A mudança de Luiz Carlos aconteceu devagar. No início se revelou controlador. Tudo tinha que estar na mais perfeita ordem, como se sofresse de um desejo compulsivo e infantil de ter tudo sobre seu controle. A situação piorou quando ele a proibiu de trabalhar, por causa dos seus ciúmes doentios, e ela se recusou. Da noite para o dia o sonho de “Até que a morte nos separe” virou pesadelo. Tudo era em torno dele. Tudo era muito destrutivo. Lara vivia em tensão crescente. Os surtos de raiva do marido faziam-na ter a sensação de estar em uma montanha russa desgovernada, sem contar que ele fazia de um tudo para deixá-lo bem, e ela mal. Parou, pensou e repensou: ─ Devo ir embora, ou devo ficar? Decidiu ficar por causa da filha. Contou para um colega de trabalho o que estava acontecendo. Um homem bom. Quando Luiz Carlos os viu juntos, achou que eram amantes. O homem passou a ser uma ameaça. Certa noite, num cruzamento, o colega de Lara viu faróis vindo em sua direção. Pensou que ia ser atropelado, mas o carro deu uma guinada e passou a poucos centímetros dele. Teve certeza de que era o marido da amiga tentando assustá-lo. De outra vez, Lara saiu do serviço e Luiz Carlos ligou. ─ Onde você vai? ─ À livraria. Ela decidiu ir para casa. Ele ligou de novo, irritado. ─ Para onde você vai? Lara percebeu que estava sendo seguida. Olhou e não viu nada. ─ Mas como? ─ se perguntou ─ Tem que ter algo no carro. Descobriu o rastreador debaixo do painel, desses que rastreiam a pessoa em tempo real. Chamou um técnico e descobriu outro dispositivo instalado em sua casa. Ficou apavorada. Entrou em alerta máximo. Começou a ter dores de estomago. Pensou em ir a policia, mas sentiu vergonha. Ameaçou abandoná-lo. Sem poder conviver com a sensação da perda de controle e poder, Luiz Carlos entrou em pânico. Implorou. Ameaçou-a: ─ Você vai se arrepender. Até ela descobrir que seu computador fora invadido. Viu uma carta de duas paginas endereçada à policia. ─ Meu Deus! ─ exclamou horrorizada. ─ Um bilhete suicida escrito e assinado por mim? Dizia coisas horríveis sobre ela. Que estava abandonando a filha, traía o marido com um colega de trabalho, e não merecia as pessoas que a amavam. Assim, decidia por um fim à vida e parar de magoar a família.O resto da carta contava como ela se suicidaria. ─ Foi ele! Meu marido vai me matar. Era enlouquecedor. Lara pegou a filha, o notebook e foi para a casa dos pais. Duas horas mais tarde, com o bilhete suicida nas mãos, saiu sozinha para ir a policia, recusando a companhia do pai. Era uma longa e íngreme descida até a cidade. Lara pisou nos freios. Não funcionaram. Então, a verdade explodiu como uma bomba em seu cérebro. ─ Ele manipulou os freios! ─ gritou, em pânico. ─ Exatamente como o bilhete descrevia. Lagrimas escorrendo fez uma prece silenciosa a tempo de ver a curva perigosa, o carro rodar na pista, bater na amurada de proteção e despencar num vôo para a morte Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 03/08/2012
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