Marisa Costa

Saber sonhar é saber viver!

Textos

“Até que a morte nos separe” pode se tornar um perigoso voto.
 
Lara era uma garota atraente, vibrante de pura alegria. Tinha o brilho das pessoas jovens e sonhava com o amor até conhecer Luiz Carlos.
Depois de um ano de namoro se casaram. Ela era feliz e quando nasceu sua primeira filha foi como viver um sonho.
A mudança de Luiz Carlos aconteceu devagar. No início se revelou controlador. Tudo tinha que estar na mais perfeita ordem, como se sofresse de um desejo compulsivo e infantil de ter tudo sobre seu controle.
A situação piorou quando ele a proibiu de trabalhar, por causa dos seus ciúmes doentios, e ela se recusou.
Da noite para o dia o sonho de “Até que a morte nos separe” virou pesadelo. Tudo era em torno dele. Tudo era muito destrutivo.
Lara vivia em tensão crescente. Os surtos de raiva do marido faziam-na ter a sensação de estar em uma montanha russa desgovernada, sem contar que ele fazia de um tudo para deixá-lo bem, e ela mal.
Parou, pensou e repensou:
─ Devo ir embora, ou devo ficar?
Decidiu ficar por causa da filha.
Contou para um colega de trabalho o que estava acontecendo. Um homem bom. Quando Luiz Carlos os viu juntos, achou que eram amantes.
O homem passou a ser uma ameaça.
Certa noite, num cruzamento, o colega de Lara viu faróis vindo em sua direção. Pensou que ia ser atropelado, mas o carro deu uma guinada e passou a poucos centímetros dele. Teve certeza de que era o marido da amiga tentando assustá-lo.
De outra vez, Lara saiu do serviço e Luiz Carlos ligou.
─ Onde você vai?
─ À livraria.
Ela decidiu ir para casa.
Ele ligou de novo, irritado.
─ Para onde você vai?
Lara percebeu que estava sendo seguida. Olhou e não viu nada.
─ Mas como? ─ se perguntou ─ Tem que ter algo no carro.
Descobriu o rastreador debaixo do painel, desses que rastreiam a pessoa em tempo real. Chamou um técnico e descobriu outro dispositivo instalado em sua casa.
Ficou apavorada. Entrou em alerta máximo. Começou a ter dores de estomago. Pensou em ir a policia, mas sentiu vergonha.
Ameaçou abandoná-lo.
Sem poder conviver com a sensação da perda de controle e poder, Luiz Carlos entrou em pânico. Implorou. Ameaçou-a:
─ Você vai se arrepender.  
Até ela descobrir que seu computador fora invadido. Viu uma carta de duas paginas endereçada à policia.
─ Meu Deus! ─ exclamou horrorizada. ─ Um bilhete suicida escrito e assinado por mim?
Dizia coisas horríveis sobre ela. Que estava abandonando a filha, traía o marido com um colega de trabalho, e não merecia as pessoas que a amavam. Assim, decidia por um fim à vida e parar de magoar a família.O resto da carta contava como ela se suicidaria.
─ Foi ele! Meu marido vai me matar.
Era enlouquecedor.
Lara pegou a filha, o notebook e foi para a casa dos pais. Duas horas mais tarde, com o bilhete suicida nas mãos, saiu sozinha para ir a policia, recusando a companhia do pai.
Era uma longa e íngreme descida até a cidade. Lara pisou nos freios. Não funcionaram.
Então, a verdade explodiu como uma bomba em seu cérebro.
─ Ele manipulou os freios! ─ gritou, em pânico. ─ Exatamente como o bilhete descrevia.
Lagrimas escorrendo fez uma prece silenciosa a tempo de ver a curva perigosa, o carro rodar na pista, bater na amurada de proteção e despencar num vôo para a morte
Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 03/08/2012
Alterado em 26/07/2016
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