Mônica saiu do trabalho, subiu a Ponte da Lapa e caiu na Marginal do Tietê. Há pouco mais de 10 anos o transito fluía rápido, e ela chegou facilmente uma velocidade de 80km/h, mantendo-se na segunda faixa da esquerda. Num dado momento, faróis piscaram. Pelo retrovisor viu um desses caminhões de areia colado na traseira do carro. “Eles ganham por viagem”, ouvira alguém dizer. “Alguns andam feito loucos, principalmente quando estão vazios”. Ele que vá para sua faixa, pensou sem se alterar. Agora o motorista buzinava, piscava faróis, e parecia-lhe perigosamente, próximo. ─ Maldito fdp ! Pode pressionar à vontade, que daqui não saio. Subitamente, o caminhão diminuiu a velocidade passando para a faixa da direita. Mônica entendeu porque. Logo à frente havia uma das cabines dos guardas de transito. O alivio durou pouco. Minutos depois lá estava o maldito caminhão. Pressionando-a, torrando sua paciência, levando-a ao máximo da tensão. Agora ela estava com muita raiva. Fez um gesto obsceno, em seguida sinal para o motorista passar por cima e caiu para a primeira faixa da esquerda, a fim de evitar represálias. Quando o motorista passou por ela e sorriu triunfante, ficou cega pela raiva: ─ Vai maldito! Que arrebente sua cara nojenta na primeira oportunidade. Aí quem vai rir serei eu, seu idiota! Ao se aproximar da Ponte do Tamanduateí o transito parou, abruptamente. No final da ponte descobriu a razão. Lá estava o maldito caminhão com a frente mergulhada na traseira de uma carreta baú. O som da sirene do resgate ao longe a fez deduzir que o motorista devia estar preso às ferragens. Primeiro sorriu, pensando: bem feito! Depois ficou na duvida. ─ Será? Não, não pode ser. Por ultimo sentiu culpa. ─ Cruz Credo, Mônica! Vai ser infernal assim nos quintos dos infernos! Súbito, desejou se afastar logo dali, a mente em turbilhão. O acidente fora um mero acaso, ou consequência do poder do seu pensamento? Na duvida, decidiu, dali pra frente, resistir aos pensamentos motivados pela ira. Vai que tinha tal poder? Mas que era uma tentação testar de novo... ah, isso era! Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 12/07/2012
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