Inspirou o ar marinho. Contemplou o pôr-do-sol, as ondas lambendo a extensa faixa de areia branca com as gaivotas voando acima delas.
Ainda havia magia naquele lugar. Um mundo que deixara enterrado nas lembranças. Por que ficara longe tanto tempo? O vento fustigou seus cabelos. Fechou os olhos, abriu as cortinas da memória. Naquele dia radiante de sol, dirigiu-se lentamente, para as dunas, sentou-se e puxou os joelhos de encontro ao queixo. Depois, apoiou a cabeça nos joelhos e fechou os olhos, escutando o mar. ─ É lindo, não é? Deu um salto e abriu os olhos para o homem alto e moreno de sorriso misterioso. ─ É a hora que mais gosto ─ falou ela. Não ficou assustada quando ele se sentou ao seu lado. ─ Moro além da curva ─ apontou ele. ─ Vem sempre aqui? ─ É a primeira vez. Ela se pegou conversando com ele como se fosse um velho amigo. ─ Está hospeda na cidade? Fez que sim e levantou-se. ─ Preciso ir. Ele concordou olhando intensamente para o rosto dela, parecendo um garoto, embora as têmporas fossem grisalhas. ─ Posso levá-la? Já está um pouco escuro para andar por ai, sozinha. Ela riu em resposta e concordou com a cabeça. Caminharam, lado a lado, até onde ela descera para a praia. Ficaram parados ao luar, fitando-se nos olhos. Um tremor de expectativa dançou sobre sua pele, e num instante de loucura, desejou ser abraçada por aqueles braços fortes. ─ Foi muito bom conversar com você. Meu nome é Alex. ─ Ana. Ele segurou sua mão num toque carinhoso. O movimento fora puramente instintivo. Com facilidade ele a tomou no colo e deitou-a no tapete de areia. Suas reações foram cautelosas a principio, ganhando confiança com o encorajamento sensual e hábil da parte dele. O corpo sobre o seu... beijos fatais tatuando, para sempre, marcas profundas em seu corpo, até que o mundo pareceu explodir, luzes iluminando cada canto do seu ser. Naquela noite de verão nasceu a paixão. Combinaram ficar juntos até o final do verão. Então ele se casaria e ela ficaria com as lembranças. O verão findou. Alex terminou o noivado e a pediu em casamento. Então... aconteceu o maldito acidente. A água morna tocou seus pés, trazendo-a para o presente. E como há três anos atrás, caminhou até as dunas, sentou-se encolhida abraçando os joelhos, as lagrimas correndo pelo rosto. Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 07/07/2012
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