Marisa Costa

Saber sonhar é saber viver!

Textos


No seu primeiro ano de faculdade, cansado de se sentir um criminoso toda vez que respondia afirmativamente, perguntas - “Por acaso você é parente de”... - as pessoas não diziam nada, nem precisava. Estava escrito na cara delas: “Você também é um criminoso” – decidiu mentir.
Começou por mudar seu sobrenome de Peterson para Richard.
A mudança de nome foi apenas uma dentre as numerosas mudanças que fez na época, todas planejadas para destruir o indescritível fato de ele ser filho de um sádico e ter um irmão com disfunções psicopatológicas, assassino de cinco mulheres.
Saiu da faculdade, viajou pelo mundo na marinha mercante, voltou para a faculdade, trocando de curso como trocava de roupas, até se interessar profundamente pela Psicologia.
Namoradas vinham e iam.
Num único ano teve cinco endereços diferentes, sem contar os carros. Mudou o corte de cabelo, a maneira de falar.
Mas, a cada manha, quando acordava, era ele mesmo que estava lá.
Num dia como os outros, uma revelação profunda, inefável, da autoconsciência o fez parar, pensar:
“Se sou prisioneiro do passado, também sou meu próprio carcereiro.”
“Passei a vida a promover formas de “rebelião” para fugir dos constrangimentos incontornáveis da minha genealogia. Não tinha de ser assim. O passado não é mais que uma serie de lembranças. Não manda em mim”.
Entrou para a polícia, e descobriu que o trabalho era honroso e necessário, e lhe permitiu ver, claramente, pela primeira vez, o que estivera na sua cara por anos a fio.
Tornou-se um dos melhores investigadores que o Departamento já teve.

Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 20/03/2013
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