Marisa Costa

Saber sonhar é saber viver!

Textos

Passava de 1:30h. Fazia um calor infernal, os sons do ventilador e TV se misturando.
Deitada no chão, Selena assistia a um filme, enquanto o marido dormia no sofá.
De repente, sua atenção foi atraída para um rangido no corrimão da escada que levava ao segundo andar. Deu de ombros. Devo estar imaginando coisas, pensou. Assistindo a filmes demais.
O ranger persistiu, incomodando-a. Então se lembrou de que esquecera a janela do corredor aberta, e... justamente, a única sem grades na casa.
Apreensiva, se levantou pensando o que fazer. Criava coragem e ia até lá?
O corrimão rangeu de novo. Morta de medo caminhou sem ruído até ao pé da escada. Estacou, abruptamente.  
Descendo as escadas um garoto, de uns quinze anos, segurava uma arma. Por um segundo, que lhe pareceu uma eternidade, ficou ali travada, sem mexer um músculo.
Podia ver o medo nos olhos do moleque, sentir o terror nos seus. Podia enxergar a morte ali, bem debaixo do seu nariz, esperando por ela para ser uma deles.
Então, soltou um grito terrível, mais medonho do que as vitimas do Jason, no filme “Sexta Feira 13”.
─ Saaaaaiaaa.
─ Cala a maldita boca ou atiro ─ repetia o garoto. ─ A policia está atrás de mim, quer me prender
Selena não mais ouvia, nem nada via. Só os próprios gritos aterrorizados, os olhos fechados para a arma apontada para o seu rosto.
Súbito, o marido surgiu ao seu lado a tempo de ouvir o barulho de um corpo caindo na piscina, em seguida passos apressados pelo corredor.
Ignorando seus protestos, Alex pegou um cano de ferro e escancarou a porta da cozinha. O moleque já galgava o parapeito de uma janela e desaparecia no telhado.
Atrás de si, deixara alem dos rastros, relógio, boné, celular e um agasalho surrado boiando na piscina.
─ Provavelmente, um noia ─ disse Alex. ─ Não sei como não se quebrou todo pulando de uma altura de dois metros nessa piscina rasa.
─ Só uma coisa não entendi.
─ O quê?
─ Porque não atirou?
Alex se abaixou e pegou algo caído no chão.
─ A arma é de brinquedo.
Selena reviu a cena: ela se debatendo desesperadamente, enquanto a morte ria arrastando-a em seus braços para um abismo sem fim.
Então soltou uma gargalhada histérica.
─ Ficou maluca? ─ estranhou o marido.
─ Hoje eu venci. A morte perde
u.
Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 29/06/2012
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